Respeitem a carne brasileira. Ela é de qualidade! - Por Adriano Kaufmann
Data de publicação: 22 de março de 2017
Coluna: Adriano Kauffmann
Colunista: Adriano Kauffmann
É chocante ver a reação das pessoas que tem pouco ou quase nada de conhecimento sobre a carne brasileira diante das denúncias de que alguns carregamentos pudessem apresentar irregularidades. Generalizou tal fato ou, no mínimo, desconfiou-se de todos os produtos oferecidos no mercado. O objetivo hoje é comprovar ao consumidor que os nossos produtos são sim de qualidade e que os episódios são isolados.
Se você é daqueles que acha que a qualidade é identificada apenas dentro dos procedimentos sanitários dentro do abatedouro está totalmente equivocado. A qualidade vem antes mesmo da existência do próprio animal a ser abatido. Lá na propriedade rural, os produtores iniciam todo o processo ao escolher os animais que irão gerar um novo bezerro através de exames para detectar possíveis problemas durante a gestação ou até mesmo doenças. Uma boa genética é quesito básico no processo e o Brasil tem destaque nesta questão.
Após um rigoroso acompanhamento durante a gestação, principalmente com a saúde e alimentação da "mamãe vaca" vem o momento do nascimento do bezerro, o qual também precisa de atenção especial. Nas medidas sanitárias que são fundamentais é necessário que o bezerro mame o colostro (primeiro leite da vaca) o qual irá contribuir com a saúde do mesmo por toda sua vida. Durante o desenvolvimento dos bezerros, o produtor efetua a vacinação diversas vezes para protegê-lo de doenças. Dependendo do período em que as vacinas são aplicadas é necessário observar o período de carência para evitar que a carne seja utilizada em condições não adequadas. Quero destacar aqui o importante trabalho que pesquisadores, como da Embrapa Gado de Corte realizam para desenvolver produtos e novos métodos de testes para identificação de doenças nos animais. O sistema sanitário no país está presente em inúmeras cidades, acompanhando e contribuindo na fiscalização de todo o processo de abate e a circulação de animais em conjunto com outros órgãos de segurança. O transporte dos animais é realizado com boas condições sanitárias e é feito um acompanhamento para garantir o bem-estar dos mesmos impedindo o estresse ou ferimentos que possam afetar a qualidade dos bovinos. Para isso, o veículo precisa ser adequado para oferecer conforto aos "passageiros".
Ao passar por essas etapas os animais chegam aos frigoríficos para o abate. Todas as pessoas que trabalham nos frigoríficos tem seu papel importante na qualidade. Porém, existem controles específicos, tanto da empresa quanto do Serviço de Inspeção Municipal, Estadual ou Federal (SIF). Todos esses profissionais são treinados para acompanhar e garantir a qualidade da carne. Caso algum animal não tenha condições de ser abatido para o consumo o seu corpo é descartado e cremado. Os animais que estão em perfeitas condições são abatidos e durante o processo de inspeção recebem carimbos. Caso seja identificada que a carne apresente algum problema após esse processo, a mesma é reavaliada e poderá até ser descartada. Em todo o processo o serviço de inspeção verifica as condições das instalações e equipamentos envolvidos, métodos de produção, temperaturas de conservação e outros fatores envolvidos para garantir a segurança dos produtos. O Brasil tem um SIF que é referência mundial. Em frigoríficos de exportação, 100% dos animais abatidos são vistoriados e seguem a risca as normas e padrões do Ministério responsável. Vale registrar que há alguns anos existe a rastreabilidade dos animais, os quais, através de um sistema de controle podem ser acompanhados do nascimento até o abate individualmente. Todos esses cuidados em todas as etapas garantem que o produto que chega ao ponto de venda é de qualidade, cabendo aos comerciantes a manutenção dela até a aquisição pelo consumidor.
Diante de todos esses cuidados é triste ver alguém generalizando os problemas de qualidade denunciados na operação Carne Fraca. É inadimissível que colocamos em "xeque" todos os rigorosos controles de qualidades da nossa carne. Falar que a carne brasileira não presta é desrespeitar os funcionários que dedicam suas vidas para oferecer qualidade à população. Claro que os desvios de condutas ocorreram, mas são "grãos de areia no meio do deserto". É um grande problema econômico que pode-se criar com esse alarde todo. Se barrarem a nossa carne vamos ter demissões nos frigoríficos, a balança comercial será impactada, a materia prima (como soja, milho e trigo) que serve de alimento terá queda de consumo... enfim, o setor produtivo sofrerá os possíveis impactos dessa notícia. É uma desgraça nacional. Já é difícil os outros países acreditarem na gente. Não podemos deixar que meia dúzia estrague tudo o que já construímos.
Por fim, é evidente que a nossa carne tem qualidade! É uma das melhores, ou talvez, a melhor do mundo. Azar dos países que não quiserem consumi-la.
Adriano Kaufmann