E se o aprendizado se tornasse um hábito? - Lessandro Sassi da Silva
Data de publicação: 24 de abril de 2017
Coluna: Lessandro Sassi da Silva
Colunista: Lessandro Sassi da Silva
Cinco anos a partir de agora, mais de um terço das habilidades que são consideradas importantes nos dias de hoje terão mudado.
Em 2020, a Quarta Revolução Industrial terá nos trazido robótica avançada, transporte autônomo, inteligência artificial, aprendizagem de máquinas como o Watson da IBM, materiais avançados, biotecnologia e genôma. Essas mudanças vão transformar a maneira como vivemos, e a maneira como trabalhamos. Alguns trabalhos podem deixar de existir, outros crescerão e há trabalhos que não existem hoje e serão altamente necessários num futuro breve. O que é certo é que as pessoas terão de alinhar sua qualificação para manter o ritmo e acompanhar todas as mudanças. Essas informações estão no relatório do Fórum Econômico Mundial, O Futuro do Emprego, que analisa o emprego, as competências e as pessoas, fornecendo informações importantes para que possam ser traçadas estratégias para o futuro.
O relatório pesquisou o que os principais responsáveis por gestão de pessoas e estratégia das maiores empresas do mundo acreditam que serão as grandes mudanças. A pergunta era “O que as atuais mudanças significarão, especificamente para o emprego, as competências e o trabalho no mundo de uma forma geral.”
A criatividade se tornará uma das três principais habilidades que as pessoas precisarão. Com a avalanche de novos produtos, novas tecnologias e novas formas de trabalho, as pessoas terão de ser mais criativas para se beneficiar dessas mudanças.
É por isso que desenvolver a capacidade de aprender novas coisas é tão importante. Esse tipo de aprendizagem contínua e recorrente não é meramente uma decisão de sim ou não. Deve se tornar um hábito. E, como tal, é preciso cultivá-lo cuidadosamente. Poucas pessoas irão buscar graus de faculdade como mestrados e doutorados. Embora estatísticas recentes indiquem que um número crescente de pessoas estão buscando formação, através de cursos de graduação. O que importa é, realmente, buscar algo que você goste de aprender.
Algumas pessoas nunca gostaram realmente da escola, ainda mais sentadas em uma classe por horas a fio, ou sofrendo com o que pareciam ser cursos e teorias impraticáveis na época da faculdade. E quase todos nós temos limites, seja em nosso tempo ou finanças, o que torna a educação formal bem mais difícil de se obter. À medida que envelhecemos, aprender não é simplesmente conquistar graus ou frequentar instituições estratificadas. Livros, cursos on-line, programas de desenvolvimento profissional, podcasts e outros recursos nunca foram tão abundantes ou acessíveis quando atualmente, tornando mais fácil do que nunca desenvolver o hábito de aprendizagem ao longo da vida. Todos os dias, para cada um de nós é oferecido a oportunidade de prosseguir o desenvolvimento intelectual de formas que são adaptados ao nosso estilo de aprendizagem.
Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que, em média, o salario de quem possui um curso superior é 115% maior do que de quem possui apenas um diploma de ensino médio. Se levarmos em conta que cerca de 50% dos empregos não serão mais tão necessários em 2020, mesmo para continuar na posição em que se está atualmente é necessário se qualificar.
Como se não bastasse, o hábito de ler (que está diretamente associado ao de aprender) mesmo por curtos períodos de tempo, pode reduzir drasticamente seus níveis de estresse. Um estudo recente de neurologia observou que, embora a atividade cognitiva não pode mudar a biologia da doença de Alzheimer, atividades que envolvam aprendizagem podem ajudar a retardar os sintomas, preservando a qualidade de vida das pessoas.
Outras pesquisas indicam que aprender a tocar um novo instrumento pode compensar o declínio cognitivo ao longo do tempo, e aprender novas habilidades que podem ser consideradas difíceis em idade avançada está associada à melhora da memória. Em um artigo publicado em 2006 por David Cutler e Adriana Lleras-Muney, eles descobriram que "pessoas com mais anos de estudo têm comportamentos mais saudáveis ao longo de praticamente todas as atividades que realizam,".
As razões para continuar aprendendo são muitas e o peso da evidência indicaria que a aprendizagem ao longo da vida não é simplesmente uma vantagem em termos econômicos, mas também sociais, emocional e físico. Vivemos numa época de abundantes oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Aproveitar essas oportunidades - manter nossa curiosidade e humildade intelectual - pode ser uma das atividades mais gratificantes da vida, além de fazer muito bem para o bolso.
Crédito: Lessandro Sassi da Silva