O Brasil continua parado
Data de publicação: 18 de junho de 2019
Coluna: Adriano Kauffmann
Colunista: Adriano Kauffmann
Já faz uns 5 anos que eu produzo textos da área econômica e até hoje não consegui destacar um grande ano para o Brasil. De lá pra cá tivemos uma variedade de presidentes... Dilma, Temer e agora em 2019, Bolsonaro. O último bom resultado para a economia brasileira foi em 2013, oportunidade em que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3%. De lado pra cá muitos acontecimentos, principalmente ligados à corrupção fizeram com que a economia despencasse, o que fez e faz os economistas considerarem que essa foi mais uma década perdida no país. Veja abaixo a lista de crescimento (ou não) ano a ano, em percentual, divulgado pelo IBGE:
2010: 7,53%
2011: 3,97%
2012: 1,92%
2013: 3,00%
2014: 0,50%
2015: -3,77%
2016: -3,60%
2017: 1,00%
2018: 1,10%
O ano de 2019 começou com uma estimativa de crescimento do Brasil em 2,53%, demonstrado no primeiro Relatório Focus, lá em 04 de janeiro. Estamos no 6º mês do ano e a expectativa despencou para 0,93%. Pasmem! Nem 1%! Foi a 16ª vez seguida que o crescimento do Brasil foi revisado para baixo. No quesito inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está dentro do esperado, estimado em 3,84%. Um fator que chamou a atenção no último Focus foi a perspectiva de queda na Taxa Básica de Juros, a Selic. Ela vinha sendo projetada até o final do ano a 6,50%. Porém, agora já se projeta uma redução significativa, podendo vir à 5,75% em dezembro. A tendência é que em setembro já tenhamos um corte de 0,25 pontos, o que poderá se repetir em outubro e dezembro.
A Reforma da Previdência tem sido a grande aposta para que nos próximos anos o país retome a confiança e cresça economicamente.
Mas será que essa reforma vai nos levar a prosperidade?
Bem, talvez a pergunta que deve ser feita é a seguinte: os investidores, os empresários da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país irão aumentar mesmo seus negócios, irão investir pelo simples fato de haver uma reforma da previdência? Será que não estamos sendo confiantes demais? É claro que é importante realizar uma reforma, mas será que o resultado final será da magnitude que os economistas e o governo esperam?
Vale lembrar que com a reforma trabalhista costurada em 2017, aprovada no Congresso Nacional em julho daquele ano, também tinha o objetivo de aumentar os empregos e reduzir a crise. O desemprego fechou 2017 em 12,7%. Hoje o desemprego ainda atinge 12,5%. De lá pra cá pouco mudou. O emprego não apareceu, a economia não cresceu, a divisão do país permaneceu e o povo entristeceu.
É claro que não esperávamos que em menos de meio ano o novo governo de Bolsonaro resolvesse os problemas graves do país herdados das gestões mal sucedidas que o antecederam. Mas acho temerário se ter apenas um plano: a reforma da previdência. E se der errado, alguém sabe qual é o plano B? O Ministro da Economia Paulo Guedes mencionou o seu plano B individual - que será a sua fuga do Brasil. E nós que viveremos ainda aqui, o que faremos?
Eu espero um dia ver as pessoas agirem com mais razão do que emoção. Precisamos entender que entre uma direita e uma esquerda existe um povo. Um povo que clama por dias melhores, que busca o básico, como um emprego. Um país não evolui com duas extremidades políticas em conflito da forma como está aí. É preciso tranquilidade para desenvolver um bom trabalho. É preciso torcer para que quem está no poder consiga melhorar a vida dos brasileiros. Ambos os lados possuem razão em alguns aspectos e tem erros em outros (mas não reconhecem) - faz parte. Mas não se pode "tomar partido" em tudo. Afinal, não é proibido criticar o candidato que você apoiou! Da mesma forma como não é pecado entender que o adversário tem lá suas razões.